A Intensidade Segundo João Mário

I.

de intensidade

De acordo com o dicionário*, intensidade pode definir-se como “1. qualidade do que é intenso; 2. grau de atividade, energia ou poder; 3. veemência;”
Nos avisos do IPMA é habitual ouvirmos falar da intensidade do vento, da intensidade da agitação marítima. Associamos geralmente intensidade à capacidade de destruir e não à capacidade de criar. No cérebro de João Mário, passa-se exatamente o inverso.

J.

de João

João Mário tem um grau de atividade dentro de campo que não é ditado pelo número de sprints que faz, pelos duelos que disputa, ou pelas bolas que rouba.

Não é um jogador que se destaque pela forma como fala, gesticula, ou como interage verbalmente com os companheiros dentro de campo. Nem é preciso.

A veemência das suas ações é evidenciada pela sua tomada de decisão, pela capacidade de dar ordem ao caos que é o jogo de futebol, pela simplicidade dos seus movimentos e pela forma como as suas ações facilitam a vida aos seus outros 10 colegas de equipa.

De acordo com Óscar Cano, o futebol é e será sempre, tempo e espaço. Tempo que se acelera ou se abranda de acordo com as necessidades da equipa e com o que o jogo pede. Espaço que se cria para si, ou para os colegas, ou que se vislumbra noutra zona menos congestionada para onde se desloca o jogo através de um passe.

João Mário tem tudo isto e, com a chegada de Roger Schmidt, passou a ter outras coisas também. Acrescentou chegada à área e golo, dura os 90 minutos em quase todos os jogos porque a equipa consegue descansar com bola e sem ela é compacta o suficiente para que não se desgaste em correrias desnecessárias. Porque a ideia de jogo do treinador beneficia as suas características mais fortes e defender as menos fortes. Foi por isso que ontem na conferência de imprensa, disse que “neste modelo, poderia jogar na posição 8”.

M.

de Mário

Que nenhuma ação seja praticada ao acaso nem de outra forma que não em absoluta concordância com os princípios envolvidos.

Marco Aurélio, Meditações

João Mário encaixa que nem uma luva nesta citação. Não há nada que ele faça em campo que não esteja em absoluta concordância com os princípios envolvidos no modelo preconizado por Roger Schmidt. É esta concordância entre o que pensa e o que executa que o leva ao rendimento excecional que tem apresentado esta época. Não só em termos de números, mas também em termos do que contribui para a equipa, mesmo que desempenhe a sua função numa zona do terreno que “supostamente” o retira do centro do jogo, a zona central do campo.